terça-feira, 17 de março de 2009

Quem são os Novos Líderes?

Nas Universidades e no mercado de trabalho a matéria Liderança esta a ser debatida, estudada e pesquisada em grandes dimensões. A questão posta é: Quais são as características necessárias para os líderes em uma economia globalizada e altamente competitiva?

Venho por este artigo colocar minha perspectiva sobre a “nova” maneira de liderar, recomendada e praticada por líderes como Jim Collins, James Hunter, entre outros.

Os “novos líderes” tem como missão construir um estilo próprio de liderança, baseado em suas qualidades próprias, mas principalmente nas pessoas que colaboram, ou seja, sua empresa e sua equipa de trabalho. Este líder terá de saber unir as boas relações com a qualidade de serviço, o trabalho em equipa com o alcance dos objectivos (produtividade), sendo que sempre focado nas pessoas, valorizando o talento humano.

Esta mudança de valores dos lideres tem sido imposta de fora para dentro das empresas, pois com a actual concorrência, globalização do mercado, desregulamentações, privatizações e etc., o ser humano nunca foi tão valorizado, refiro ao colaborador que realmente “veste a camisola” da empresa. As empresas não mais admitem gestores e sim lideres/motivadores, os quais são os únicos capazes de inspirar a união e dedicação necessária para que sua organização sobreviva aos altos níveis de competitividade.

O que vivemos hoje é a adaptação das empresas aos novos desafios, as rápidas mudanças, as exigências cada vez maiores por parte dos clientes e ao realinhamento das práticas de gestão.

Por isso as empresas não estão a investir apenas em mão de obra, mas sim cada vez mais exigem dos trabalhadores competências que vão além de uma simples execução de tarefa, as organizações tem interesse em líderes que envolvam um grupo e façam com que eles, através de sua livre e espontânea vontade sigam este modelo/visão, que tenham a capacidade de perceber os objectivos individuais de cada elemento de sua equipa e os inserir no objectivo global da empresa, fazendo com que a motivação e o trabalho em equipa tenham índices elevados de positividade e correspondam as expectativas de “todos”.

Jim Collins, em sua obra: “Good to Greate”, 1958, já observava estudos de caso em que líderes tornaram suas empresas melhores consistentemente seu desempenho. Através do estudo destes casos o autor observa algumas características individuais ou situacionais dos líderes.

As características principais e transversais dos diversos tipos de líderes destes estudos revelam que a maioria encontra-se num paradoxo de humildade pessoal e ao mesmo tempo altamente ambiciosos pelo sucesso da empresa. Os líderes eficientes treinam seus sucessores para um desempenho ainda melhor que os deles mesmos, estão altamente focados na produção de resultados sustentáveis, não importando quão difíceis e importantes sejam as decisões a serem tomadas.

Os líderes, nos casos de sucesso relatados na mesma obra, tomavam para si a responsabilidade completa sobre o desempenho da empresa, pois entendem que são responsáveis por contaminar e guiar seus colaboradores na sua visão da empresa. Este é seu papel, esta é seu sonho.

Collins também relata um estilo de liderança que é composto de cinco hierarquias. Estas compreendem os membros dentro da organização.

O escritor James C. Hunter, em seu livor “O Monge e o Executivo”, relata dados sobre a essência da liderança. Sobre este moderno modelo de liderar e servir, algo que confundi aos ouvidos em primeira instância, mas depois de reflectirmos sobre o assunto vemos que é o que um líder realmente faz. Bons líderes sujam as mãos, ou seja, tudo que ele pede para seus colaboradores realizarem são acções que ele também faz ou já fez por muitos anos, ele serve diariamente aos seus seguidores, fornecendo-os toda sua experiência e sabedoria, a estimular melhores condições de trabalho e os tornando parte fundamental da empresa, para que o colaborador sinta-se parte de um todo, compreenda suas responsabilidades e assuma um real compromisso com sua equipa de trabalho e com seus objectivos.

“Você pode até gerir a si mesmo. Mas você não gerir seres humanos. Você gere coisas e lidera pessoas”

Hunter, James

Hunter, inspirado por Max Weber, cita em um de seus livros dois conceitos da obra: “The Theory of Social nd Economic Organization, onde Weber enuncia a diferença entre poder e autoridade:

“Poder: é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.

Autoridade: é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”

Weber, Max –

Hunter defende a ideia de que o poder pode ser comprado, vendido, herdado ou oferecido, por exemplo, qualquer um pode herdar a direcção de uma empresa e automaticamente terá poder, mas com a autoridade não podemos barganhar, ou seja, a autoridade diz respeito ao que você é como pessoa, ao seu carácter e a sua influência sobre pessoas.

No livro o Monge e o Executivo, Hunter apresenta dois paradigmas, ou melhor, dois modelos de hierarquias. Nossos modelos de hierarquia empresarial são baseados nos modelos de hierarquia militar herdado dos séculos de guerras e monarquias. Hunter faz uma comparação entre a hierarquia militar e o estilo piramidal de administração de uma empresa.



Para explicar o novo paradigma da pirâmide hierárquica de administração, Hunter vira a pirâmide de cabeça para baixo e argumenta que uma organização cujo foco principal é servir ao cliente.



No topo estão os funcionários que atendem directamente os clientes como principais membros da organização, afinal a satisfação do cliente e o serviço de qualidade, prestados pela empresa X, esta totalmente ligado a esta primeira impressão dos clientes. E supõem também que o supervisor da “linha de frente” começasse a ver os empregados como clientes e passasse a se dedicar em identificar e preencher suas necessidades. E assim por diante em toda a pirâmide. Isso iria requerer que todo gerente adoptasse uma nova postura, um novo paradigma, reconhecendo que o papel do líder não é impor ou ditar regras a camada seguinte. Em vez disso o papel do líder é servir.

“... um líder é alguém que identifica e satisfaz as legítimas necessidades de seus liderados e remove todas as barreiras para que possam servir ao cliente...”

Hunter, James

Na realidade, a meta a ser perseguida é construir uma organização forte, para resistir a obstáculos e remove-los com cautela e decisão conjunta, talentosa, dividida entre talentos individuais e pessoas que tem talento em trabalhar em grupo e que tenha a “faca entre os dentes”, ou seja, equipas de trabalhos motivadas, como objectivos claros, mas não atire para qualquer lado, assertiva.

Um liderança aberta as novas tendências, voltada para sua equipa, focado em seus objectivos e tendo o sucesso da organização e sua equipa de trabalho em primeiro lugar, terá, com certeza, vantagens frente aos que insistem em manter a velha ilusão de que as pessoas precisam é ser “mandadas”.

Os grandes líderes são aqueles que tornam-se obsoletos ao seu sector na organização, ou seja, no momento em que a equipa de trabalho consegue organizar-se e atingir seus objectivos sem ajuda directa de seu orientador, finalmente o líder cumpriu seu papel e esta pronto para crescer dentro da sua organização, assim como gerar o crescimento dos que se destacaram em sua equipa.

Organizações que praticam este tipo de gestão e oportunizam o crescimento de seus colaboradores, motivando-os e os tornando verdadeiramente importantes para a organização como para seu crescimento pessoal, serão os modelos a ser seguido pelas empresas que desejam atingir o sucesso.

“Alguém com coragem para enfrentar a nova realidade dos negócios, com a humildade para admitir que não detém todas as respostas e com a energia para liderar a mudança”

William C. Taylor

O verdadeiro líder do futuro deve ter coragem para enfrentar a realidade e ajudar os que o rodeiam a enfrentá-la.



Autora: Thelma Dutra da Silveira


Referências Bibliográficas

Alain Hooper & Jonh Potter “Criar a paixão pela mudança”, Liderança Inteligente, 2003

Bennis W “O retrato-robot de uma nova geração de líderes”, Executive digest, 1999, nº58.

Centénico, Fernanda – Liderança Participativa. Sinais Viitais, Coimbra, nº 48 – Maio de 2003.

Cunha M., Rego A., Cunha R., Cardoso C., “Liderança versus gestão”, Manual de Comportamento Organizacional e Gestão, 2005


Hunter, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. 17º edição (trad. Maria da Conceição Fornos de Magalhães) RJ: Sextante, 2004.